Residência dos Padres Claretianos
Batatais - SP
O saber / o saber fazer.
A prancheta / o canteiro.
A síntese necessária e difícil.
De um lado, o “jogo sábio das formas debaixo da luz”,
história -memória presentes em cada traço, muro, esboçado
desenho mágico.
De outro, a lenta e medida acumulação de gestos,
economia feita história,
também,
do homem construtor, no desafio amoroso ao material,
no “jogo sábio” com o tempo
desejo lógico.
A “história como amiga”.
O “canteiro como escola”.
Duas belas utopias para a nova modernidade.
Affonso Risi
local: Batatais/SP
projeto: 1981/82
construção: 1983/84
arquitetura: arqs. José Mario Nogueira e Affonso Risi
colaboração: Renato Kaida
estrutura: engs. Ugo Tedeschi e Haruo Hashimoto
obra: eng. Luiz Alberto Fantacini
mestre de obra: Benedito Brunherotti
luminotecnia: arqs. Esther Stiller e Gilberto Franco
paisagismo: eng. Rodolfo Geiser
vitrais: Affonso Risi
execução: Conrado Sorgenicht
fotos: Graça Aguiar e José Carlos Fioretto (1985)
J. M. Nogueira (obra) e
Júlia Risi (2007)
Wagner Abrahão Junior e José Lucas Viccari (2011)
principais exposições:
.Centro Cultural São Paulo – 50 Anos da Universidade Mackenzie
exposição com obras de 50 arquitetos ligados à história da instituição – abril/ 2002
.IAB-SP – Exposição Premiações do IAB SP (1967 a 2000)
.Museu da Casa Brasileira – S.Paulo – SP 50 Anos da FAU-Mackenzie - 1996
.2ª BIA - Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo - 1993
.IAB–SP - A produção dos arquitetos paulistas na década de 80 - 1991
.IFA – Institut Français d’Architecture - Arquitetos Brasileiros – Brasil Agency for International Relations – Galerie d’Actualité – 6bis rue de Tournon Paris (França) – 21 de outubro a 7 de novembro - 1987
.Arquitetos Brasileiros - BAIR - 1988
Bordeaux (França) – janeiro
Bruxelas (Bélgica) - fevereiro
Barcelona (Espanha) - março
Dortmund (Alemanha) - outubro
Frankfurt (Alemanha) - novembro
.Bienal de Arquitectura de Buenos Aires – (Argentina) – CAYC (Centro de Arte y Comunicación) – Centro Cultural de Buenos Aires – novembro - 1987
.Fundação Bienal de São Paulo - Exposição Tradição e Ruptura – Arquitetura - IAB Parque do Ibirapuera – S.Paulo – SP - 19 de novembro a 31 de janeiro de 1985
.Arquitetura Brasileira Atual – Centro Cultural São Paulo -1983 |
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Pensar uma casa para padres, hoje, usando exaustivamente as possibilidades do tijolo (paredes, estrutura, tetos). Facilitar condições para uma participação criativa dos operários no canteiro de obras. Revisitar velhas técnicas construtivas buscando novos espaços. Essas foram idéias que nortearam o projeto de Batatais
Como nos antigos conventos, organizamos a construção ao redor de um jardim central, quadrado, com uma galeria – claustro - para onde se abrem os diversos espaços. Dois lados contêm os dormitórios, abóbadas parabólicas de tijolo levantadas sem nenhuma fôrma ou cimbramento. Articulando esses dois lados estão a estrutura com as placas coletoras de energia solar e a torre de água. Dela partem duas paredes perpendiculares às abóbadas, separando quartos de banheiros que, como aquedutos, levam os encanamentos hidráulicos. Na terceira ala, as áreas de serviço, cozinha e refeitório têm abóbadas semicirculares construídas à velha maneira romana, com cambotas de madeira deslocadas ao longo das paredes. Quatro abóbadas cobrem o refeitório, organizadas como um “catavento” e se encontrando no centro, no pilar monolítico de granito.
O quarto lado, o da entrada, tem os espaços de estar e encontro, cilindros cobertos por cúpulas de tijolo, construídas também sem o auxílio de fôrmas e com aberturas de iluminação zenital.
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Por essa ala se tem acesso à capela, único volume a invadir o espaço do jardim central, com sua parábola cerâmica contínua – chão, parede, teto – fechada nos dois lados por vitrais coloridos.
Na cobertura do claustro utilizamos uma técnica já quase esquecida: a construção de lajes planas feitas com tijolos de barro. Na galeria da entrada esse teto se apóia em generosos arcos e se abre para a luz através de vários rasgos zenitais circulares.
Foi intensa a participação do pessoal da obra na tomada de decisões de muitos elementos e operações da construção: desenhos variados na amarração dos tijolos, quase a assinatura de cada operário nas paredes, aprimoramento e transformação de técnicas, elaboração carinhosa dos detalhes. Assim, por exemplo, as chaminés “gaudianas” e as paredes de elementos vazados do mestre Benedito Brunherotti, o chefe da obra; a cruz em rebaixo modulado de tijolos com que nos surpreendeu, ainda, mestre Benedito quando da desforma da capela: o detalhe que faltava na abóbada que cobre o altar.
Outras mãos inspiradas trabalharam madeira, ferro,pedra, vidro.
A “história como amiga”, no dizer de Louis Kahn, foi o tema gerador desses espaços.
Affonso Risi |